A Quatro Cinco Um fez um guia rápido sobre uma das grandes vozes do Brasil
Stella do Patrocínio nasceu em 9 de janeiro de 1941 no Rio de Janeiro, onde vivia com sua família.
Aos 21 anos, Stella caminhava na rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, quando foi parada e levada à força pela polícia, que depois a encaminhou para o Centro Psiquiátrico Pedro 2º, em Engenho de Dentro.
De lá, Stella foi parar na Colônia Juliano Moreira, em 1966, onde ficou internada involuntariamente por quase trinta anos.
Lá, tomava injeções, remédios e eletrochoque. Stella não era louca, foi sim enlouquecida pelo sistema que aprisiona pessoas consideradas “desajustadas”. No caso dela, uma mulher negra e pobre.
Nos anos 80, a reforma psiquiátrica e a luta antimanicomial chegaram à Colônia. Um grupo de alunos de artes plásticas dava oficinas para as mulheres internadas.
Um deles era a artista Carla Guagliardi, que gravou, entre 1986 e 1988, as suas conversas com Stella. Chamados pela própria de falatórios, eram, em geral, frases fortes e impactantes.
No começo dos anos 90, a estagiária de psicologia Monica Ribeiro de Souza tentou localizar os familiares da Stella, pois ela já tinha recebido alta. A busca não deu certo.
Stella morreu em 20 de outubro de 1992 de uma parada cardiorrespiratória depois de sofrer uma amputação na perna. Ela foi enterrada como indigente em Inhaúma.
Em 2001, a transcrição dos seus falatórios foi transformada no livro “Reino dos bichos e dos animais é o meu nome” pela filósofa Viviane Mosé, publicado pela Azougue Editorial e finalista do Prêmio Jabuti.
Considerada poeta depois de morta, Stella tem um legado que ultrapassa o livro. Seu falatório pode ser ouvido na íntegra agora no site da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).
Stella do Patrocínio foi tema de um episódio especial do 451 MHz.
Textos e produção:
Quatro Cinco Um
Imagens:
Rafael Campos Rocha
Wikimedia Commons