Quem foi Frantz Fanon?

Médico, filósofo político, teórico do colonialismo e militante da independência africana, Frantz Fanon é um dos intelectuais mais influentes na área dos estudos pós-coloniais e nas lutas pela independência das ex-colônias europeias.

Nascido na Martinica, em 1925, ele serviu no exército francês durante a Segunda Guerra e formou-se em medicina e psiquiatria na Universidade de Lyon. Seu trabalho de conclusão de curso, “Ensaio sobre a desalienação do negro”, foi rejeitado pela banca da universidade.

Fanon apresentou à universidade outro trabalho. A tese rejeitada originou “Pele negra, máscaras brancas”, um clássico do pensamento decolonial, publicado pela primeira vez em 1952.

“Minha prece derradeira: Ó meu corpo, faz sempre de mim um homem que questiona.”

Frantz Fanon em “Pele negra, máscaras brancas” (Ubu)

Entre 1953 e 1956, Fanon chefiou o departamento de psiquiatria do hospital Blida-Joinville, na Argélia, onde atendia soldados argelinos e franceses. A observação dos efeitos da violência colonial na psique humana orientou seus estudos acadêmicos e sua militância.

Como psiquiatra, ele trabalhava para liberar os negros do seu complexo de inferioridade e trazê-lo de volta à humanidade: “o que nós queremos é ajudar o negro a se libertar do seu arsenal de complexos germinados no seio da situação colonial”, escreveu Fanon.

Quando eclodiu a guerra pela independência da Argélia, Fanon aderiu à Frente de Libertação Nacional. De 1957 a 1960, colaborou para o jornal do movimento, “El Moudjahid”. Uma seleção desses artigos foi publicada em “Escritos políticos” (Boitempo).

“Por uma revolução africana” (Companhia das Letras) também reúne textos políticos de Fanon. Em artigos, ensaios e cartas, escritos entre 1951 e 1961, ele examina questões como o panafricanismo, os sentidos da negritude e as posições das esquerdas europeias.

Leia texto sobre como Fanon influenciou a reforma psiquiátrica
e a luta antimanicomial no Brasil

Nos textos mais voltados à psiquiatria, Fanon vincula a clínica à política. Suas ideias também inspiraram a luta antimanicomial no mundo. Uma seleção dos ensaios escritos entre 1951 e 1959 foi publicada em “Alienação e liberdade” (Ubu).

Fanon morreu em 1961, aos 36 anos, de leucemia. Pouco antes de sua morte foi publicado "Os condenados da terra". Com prefácio de Jean-Paul Sarte, o livro é considerado testamento político do autor.

A febre Fanon foi tema do especial da edição de maio de 2022, que traz uma entrevista com Deivison Faustino, autor de “Frantz Fanon e as encruzilhadas” (Ubu).

Leia a entrevista

Textos e produção:
Quatro Cinco Um

Imagens:
Fundo Frantz Fanon/Imec