Quem foi Clarice Lispector

Quatro cinco um

A Quatro Cinco Um fez um breve perfil de umas das grandes escritoras brasileiras do século 20

Tradutora, ensaísta, jornalista, contista e romancista, Clarice Lispector se consolidou como um dos maiores nomes do modernismo e da literatura brasileira no século 20.

Chechelnyk

Clarice Lispector nasceu em 10 de dezembro de 1920 na aldeia de Chechelnyk, na Ucrânia. Emigrou para o Brasil aos dois anos, com sua família  judaica, que fugia do antissemitismo descencadeado pela Guerra Civil Russa (1918-20).

Morou em Maceió, depois no Recife, onde foi alfabetizada e enviou contos à página infantil do “Diário de Pernambuco”. Em 1930, perdeu a mãe e, pouco depois, decidiu que seria escritora. Nos anos 30 se mudou com o pai e as duas irmãs para o Rio de Janeiro.

Casa de Clarice Lispector em Recife, nos anos 1930

Clarice Lispector cursou Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro, então Universidade do Brasil, no final dos anos 1930, com a vontade de atuar nas penitenciárias.

Com o tempo, perdia o interesse pela advocacia e passava a escrever mais, submetendo contos à imprensa, que na época sofria grande censura durante o Estado Novo.

Atuou também como tradutora — dominava ao menos sete idiomas —, editora e repórter, enquanto publicava contos em revistas e periódicos.

Estreou na literatura com “Perto do coração selvagem”, publicado em 1943, bem recebido no meio literário sendo comparada a Virginia Woolf, James Joyce, Sartre e Proust.

Em 1943, aos 22 anos, obteve a naturalização como Brasileira. Nessa mesma época casou com o também advogado e vice-cônsul Maury Gurgel Valente, com quem se mudou para Belém, depois para outros países, e com quem teve dois filhos, Pedro e Paulo, que em texto na Quatro Cinco Um relembra com carinho o pai.

Leia o texto de Paulo Gurgel

Nos anos 40 e 50, Clarice se dedicou à literatura e à família, e viajou muito para acompanhar o marido diplomata. Nesse período, produziu também um vasto volume de cartas, que junto a outras escritas ao longo da vida foram compiladas em “Todas as cartas”, publicado pela Rocco.

Leia a resenha de “Todas as cartas”

Em 1959, Clarice se separou do marido e voltou ao Rio de Janeiro com seus dois filhos, adotando um ponto fixo onde pudesse cuidar melhor do mais velho, esquizofrênico, e focar em sua carreira.

Em 27 de julho de 1960, lançou “Laços de família”, livro de contos que a recolocou na cena literária depois do tempo que passou nos Estados Unidos.

Leia mais sobre “Laços de família”

Também assinou colunas e escreveu diversos outros contos, romances e crônicas — consolidadas pela primeira vez em livro em 1984 e que ganharam nova edição, “Todas as crônicas” (Rocco), reunindo mais de quinhentos textos em setecentas páginas, em 2019.

Leia a resenha de “Todas as crônicas”

Na última década de vida, escreveu e traduziu textos focados no público infantojuvenil, entre os quais os verbetes sobre flores que compõem “De natura florum”, publicado pela Global.

Leia a resenha de “De natura florum”

Leia mais sobre o manuscrito de “A hora da estrela”

Clarice Lispector morreu em 1977, aos 56 anos, de câncer de ovário. Seu último livro publicado em vida, “A hora da estrela” (1977) é também um de seus mais conhecidos, e cujo manuscrito revela brechas de seu processo criativo.

Em 2009, o norte-americano Benjamin Moser, coordenador das traduções da obra da escritora para a língua inglesa, escreveu “Clarice, uma biografia”, publicado em 2017 pela Companhia das Letras, e que ajudou a realocar a escritora em nível mundial.

Em 2022, a pesquisadora Teresa Montero, autora de outros livros sobre Clarice e organizadora de volumes com seus textos, lançou “À procura da própria coisa: uma biografia de Clarice Lispector” pela Rocco, edição ampliada da biografia da escritora com documentos e informações pouco conhecidos e fotos inéditas.

O Instituto Moreira Salles também criou um site dedicado à Clarice Lispector onde é possível conhecer mais sobre sua vida e ler alguns de seus escritos.

Textos e produção:
Quatro Cinco Um

Imagens:
Arquivo Nacional
Biblioteca do IBGE
Reprodução