A jornalista e escritora norte-americana Joan Didion retratou com um olhar preciso e cortante as mudanças sociais nos Estados Unidos desde o final da década de 60.
Uma das pioneiras do “novo jornalismo”, além de inúmeros ensaios, Didion escreveu romances e livros de memórias. Ela morreu no final 2021, aos 87 anos. A Quatro Cinco Um fez uma lista com alguns dos seus livros.
Sua primeira coleção de ensaios de não ficção retrata uma década tensa e tumultuosa nos Estados Unidos, marcada pela Guerra do Vietnã e pelas diferenças geracionais, e registra mudanças sociais, políticas e culturais no país. Páginas de observações da experiência humana, de seus sonhos e do estado da Califórnia complementam o volume.
Joan Didion
“Rastejando até Belém”
“Minha única vantagem como repórter é que sou tão pequena fisicamente, meu temperamento é tão discreto e sou tão neuroticamente inarticulada que as pessoas tendem a esquecer que minha presença se opõe aos seus maiores interesses. E sempre se opõe.”
Coletânea de ensaios, memórias e textos jornalísticos dos anos 60 e 70 sobre o cotidiano americano e a cultura de massa na Califórnia: o surgimento do shopping center, os Panteras Negras, The Doors, Charles Manson, o curioso estilo do Getty Museum e a realidade social de Hollywood.
Joan Didion
“O álbum branco”
“Contamos histórias a nós mesmos para poder viver.”
Um retrato da cidade americana composto por reportagens feitas com imigrantes e exilados cubanos. Trazem análises sociais e políticas angustiantes do regime de Fidel Castro, da Guerra Fria, do envolvimento dos EUA na política estrangeira e na América Central e do racismo e corrupção locais.
Coleção de ensaios, textos jornalísticos e memórias que trata da história da Califórnia e das experiências pessoais de Didion na costa Oeste. Seus antepassados se assentaram em Sacramento nos anos 1800 e ela nasceu na capital do estado em 1934.
Joan Didion
“Where I Was From”
“Fechei a caixa e coloquei em um armário. Não há maneira real de lidar com tudo o que perdemos.”
Seu livro mais conhecido retrata o ano seguinte à morte repentina do seu marido, o também escritor John Gregory Dunne, em 2003. Em um relato dolorido, com prosa sensível e frases cortantes, Didion compartilha a sua dificuldade de assimilar a perda do seu companheiro e o seu processo de luto.
Joan Didion
“O ano do pensamento mágico”
“A vida muda em um instante. Você se senta para jantar, e a vida que você conhecia termina”.
Dois anos depois da morte do marido, Joan Didion perdeu a filha, Quintana Roo, de 39 anos. O motivo exato da morte nunca foi revelado, mas há anos Quintana lidava com questões de saúde física e mental. Os céus azuis de maio são pano de fundo para reflexões sobre a passagem do tempo, a maternidade e a mortalidade.
Observações e entrevistas de uma viagem que fez nos anos 70 para conhecer o sul dos Estados Unidos, passando por Alabama, Louisiana e Mississipi, entrelaçados a testemunhos da Califórnia, onde Didion vivia na época. O estilo é marcado pela ausência de interpretações e riqueza das descrições.
Joan Didion
“Sul e Oeste”
“No Sul, eles estão convencidos de ter banhado sua terra de sangue com a história. No Oeste, não acreditamos que nada do que fazemos pode banhar de sangue a terra, mudá-la ou afetá-la.”
Seu último livro reúne doze ensaios escritos entre 1968 e 2000, consolidando temas recorrentes de sua obra — política, imprensa, escrita, Califórnia, mulheres e autoimagem. Lidos mais de vinte anos depois, reforçam a sensibilidade da autora e o caráter profético de seus escritos.
Joan Didion
“Let Me Tell You What I Mean”
“Em várias maneiras, escrever é o ato de dizer Eu, de se impor aos outros, de dizer me escute, veja do meu jeito, mude de ideia. É um ato agressivo, até hostil.”
Miami
Open Road Media
O ano do pensamento mágico
Trad. Marina Vargas
HarperCollins
Where I Was From
Knopf Doubleday
Noites azuis
Fora de catálogo
Let Me Tell You What I Mean
Knopf Doubleday
Sul e Oeste. Trad. Marina Vargas.
Pref. Noemi Jaffe e Nathaniel Rich.
HarperCollins.
Textos e produção:
Quatro Cinco Um
Imagens:
Joan Didion por Tradlands (Flickr/Divulgação)