As artes de Zahy Guajajara
Zahy Guajajara, indígena do povo Tenetehara-Guajajara, é atriz, modelo, videoartista, fotógrafa, ativista e poeta. Foi uma das líderes da ocupação, entre 2006 e 2013, da Aldeia Maracanã, no Rio de Janeiro.
Filha da pajé Elzira e de Seu Quinca, mestiço, Zahy (Lua, em tupi-guarani) nasceu em 1989 na aldeia Colônia, na reserva indígena Cana Brava, no Maranhão. Sua primeira língua é o Ze’eng eté, dialeto do tronco tupi-guarani.
Aos cinco anos, tornou-se herdeira oficial da pajelança, que só será exercida quando sua mãe morrer. Aos oito anos, saiu da aldeia com a família, levada pelo pai para a cidade de Barra do Corda (MA), onde foi alfabetizada em português.
Fluente tanto na língua guajajara quanto no português, Zahy trabalhou como agente de saúde no município de Barra do Corda (MA), ajudando indígenas grávidas nos exames e na hora do parto.
Em 2008, aos 19 anos, foi morar no Rio de Janeiro, a convite de dois primos. Pouco depois de chegar à cidade, juntou-se aos indígenas de diferentes etnias que ocupavam a Aldeia Maracanã, reivindicando o reconhecimento histórico do prédio vizinho ao estádio, que havia sido o Museu do Índio.
Zahy promoveu um abraço simbólico em torno do Maracanã. Também divulgou, na Internet, os eventos da ocupação, além de publicar nas redes seus textos e poemas.
No Rio, Zahy trabalhou como modelo e recebeu convites para ser atriz. Na TV, participou da minissérie da Rede Globo "Dois irmãos", dirigida por Luiz Fernando de Carvalho, baseada no romance homônimo de Milton Hatoum.
No cinema, participou do longa "Não devore meu coração" (2017), de Felipe Bragança. Entre seus trabalhos no teatro, atuou em “Macunaíma: uma rapsódia musical” (2019), dirigido por Bia Lessa, e “Guerra em Iperoig” (2020), da Companhia de Teatro Mundana.
Em 2017, realizou o videoperformance "Aiku’è (R-existo)". O projeto, nascido da necessidade de manifestar o massacre da cultura indígena, foi uma parceria com o M.A. R. (Museu de Arte do Rio) para a mostra "Dja Guata Porã" (2017-18).
Em 2021, o Masp (Museu de Arte de São Paulo) realizou uma mostra com uma vídeo-instalação com trabalhos de Zahy Guajajara: "Aiku’è zepé (Ainda r-existo)", "Pytuhem (Respirar)", uma carta em defesa dos guardiões da floresta.
Na coletânea “Teatro e os povos indígenas: janelas abertas para a possibilidade” (n-1), Zahy apresenta sua trajetória no ensaio “Sou uma peça de teatro”.
Textos e produção:
Quatro Cinco Um
Imagens:
MASP e
Renato Mangolin/Divulgação